O tendão de Aquiles é uma estrutura essencial para a mobilidade dos pés e desempenha um papel fundamental na realização de movimentos como a flexão plantar.
Este artigo apresenta uma análise detalhada dos sinais e sintomas que podem indicar a ruptura dessa estrutura, além dos métodos clínicos e de imagem utilizados para confirmar o diagnóstico.
O conteúdo oferece informações relevantes para ajudar na identificação precoce da lesão e orientar sobre as opções terapêuticas disponíveis.
Entendendo o tendão de Aquiles
O tendão de Aquiles conecta os músculos da panturrilha – gastrocnêmio e sóleo – ao osso do calcanhar, o calcâneo.
Essa ligação permite a realização do movimento de empurrar o pé para baixo, ação essencial para caminhar, correr e saltar.
Por ser o tendão mais robusto do corpo, ele suporta cargas intensas, principalmente durante atividades físicas de alta demanda.
A sua integridade é vital para manter a força e a estabilidade na região do tornozelo.
Como saber se rompi o tendão de Aquiles
“Quando ocorre a ruptura, as fibras do tendão se separam, comprometendo a continuidade da estrutura. A lesão costuma acontecer devido a traumas indiretos, em que um movimento brusco do tornozelo, geralmente associado à dorsiflexão repentina, resulta na ruptura”, explicou um médico ortopedista referência em cuidados com os pés e tornozelo.
A sensação de pancada na região posterior do tornozelo, acompanhada de uma dor intensa, é um dos sinais que indicam a ocorrência da lesão.
Essa condição, frequentemente observada em praticantes de esportes ou pessoas que sofrem desequilíbrios na musculatura, requer uma avaliação médica imediata.
Sinais e sintomas indicativos da lesão
Pacientes com suspeita de ruptura do tendão de Aquiles costumam relatar três sintomas principais:
- Dor súbita e intensa: A dor geralmente é sentida na região da parte posterior do tornozelo, muitas vezes descrita como uma sensação de “pancada” ou “estalo”.
- Dificuldade para apoiar o pé: A incapacidade ou dificuldade para colocar o pé no chão e realizar movimentos de flexão plantar pode ocorrer logo após a lesão.
- Perda da força e instabilidade: A sensação de que o pé não possui mais a mesma força para empurrar durante a caminhada ou corrida é comum.
Esses sinais devem ser observados com atenção, pois a identificação precoce da ruptura pode evitar complicações e facilitar a escolha do tratamento adequado.
Exame físico e testes clínicos
A avaliação clínica é fundamental para levantar a suspeita de ruptura do tendão de Aquiles. Durante o exame físico, o paciente deve estar posicionado de bruços, permitindo a inspeção e palpação da região.
Entre os testes realizados, destacam-se:
- Palpação do gap: Ao examinar a região do tendão, é possível sentir uma depressão ou “gap” que indica a interrupção da continuidade das fibras. Esse achado é um forte indício de ruptura.
- Teste de compressão da panturrilha (Teste de Thompson): Com o paciente deitado e o pé livre, o examinador comprime a musculatura da panturrilha. Se o tendão estiver íntegro, o pé se moverá em direção à flexão plantar. Na presença de ruptura, o movimento será ausente ou significativamente reduzido.
- Avaliação da posição do tornozelo: Solicita-se que o paciente dobre os joelhos e mantenha os pés relaxados. Observa-se a diferença na postura do tornozelo entre o lado afetado e o não afetado. O pé lesionado tende a apresentar menor flexão plantar, evidenciando a perda da função do tendão rompido.
A combinação desses testes clínicos, quando realizada de maneira criteriosa, contribui para a suspeita diagnóstica, mas o exame de imagem é imprescindível para confirmar a lesão.
Confirmação diagnóstica por meio de exames de imagem
Os exames de imagem são fundamentais para determinar com precisão a extensão da ruptura e orientar a decisão terapêutica.
Entre as modalidades disponíveis, destacam-se:
- Ressonância magnética: Considerada o exame de escolha, a ressonância oferece uma visão detalhada da estrutura do tendão, permitindo identificar a localização e a extensão da lesão. Este exame revela a interrupção das fibras e possíveis alterações no tecido adjacente.
- Ultrasonografia: Essa técnica apresenta resultados rápidos e é capaz de demonstrar a presença do gap e a descontinuidade do tendão. Embora seja menos detalhada que a ressonância, a ultrassonografia é uma alternativa eficaz, especialmente em ambientes com recursos limitados.
A confirmação diagnóstica por meio desses exames possibilita a escolha da estratégia de tratamento mais adequada para cada caso.
Opções de tratamento: conservador versus cirúrgico
A decisão entre o tratamento conservador e o cirúrgico depende de vários fatores, como idade, nível de atividade, presença de comorbidades e expectativas do paciente.
Cada abordagem possui vantagens e desafios que devem ser avaliados individualmente:
- Tratamento conservador: Consiste na imobilização do membro, seja por meio de gesso ou do uso de órteses, como botas ortopédicas. O período de imobilização varia entre seis e oito semanas, durante as quais o tendão tem a oportunidade de cicatrizar espontaneamente. Essa abordagem evita os riscos associados à cirurgia, mas pode apresentar uma chance maior de re-ruptura e menor previsibilidade nos resultados.
- Tratamento cirúrgico: A intervenção tem como objetivo unir as extremidades do tendão rompido por meio de suturas, promovendo uma cicatrização mais robusta e com melhores resultados funcionais. O procedimento cirúrgico apresenta uma taxa reduzida de re-ruptura e possibilita o retorno à força muscular adequada, contribuindo para uma recuperação mais eficaz. Entretanto, é preciso considerar os riscos inerentes à cirurgia, como infecções e complicações pós-operatórias.
A escolha do método terapêutico deve ser realizada em conjunto com o especialista, que avaliará as condições clínicas e as necessidades específicas do paciente.
Recuperação e reabilitação pós-lesão
Independentemente da abordagem terapêutica escolhida, a recuperação envolve um período de imobilização seguido de um programa estruturado de fisioterapia.
A reabilitação tem como objetivos restaurar a força, a flexibilidade e a amplitude de movimento do tornozelo.
Durante esse processo, o paciente passa por etapas que incluem:
- Imobilização inicial: O período de seis a oito semanas é crucial para a cicatrização do tendão. A imobilização protege a região e permite que o reparo do tecido ocorra de maneira adequada.
- Início da fisioterapia: Com a retirada gradual da imobilização, sessões de fisioterapia são iniciadas para estimular o fortalecimento muscular e o retorno da mobilidade. Exercícios específicos são indicados para promover a recuperação da função do tendão e prevenir futuras lesões.
- Retorno progressivo às atividades: A reintrodução das atividades diárias e esportivas ocorre de forma gradual, respeitando os limites do processo de cicatrização. A retomada de atividades de impacto, como corrida e saltos, geralmente acontece após cerca de seis meses, quando a recuperação está consolidada.
A adesão rigorosa às orientações médicas e fisioterapêuticas é fundamental para garantir um resultado satisfatório e evitar complicações durante a reabilitação.
Fatores que influenciam a escolha do tratamento
A decisão terapêutica é influenciada por diversos aspectos, entre eles:
- Idade e nível de atividade: Pacientes mais jovens ou aqueles com uma rotina de alta demanda física podem se beneficiar mais do tratamento cirúrgico, que oferece maior previsibilidade na recuperação da força.
- Condições clínicas associadas: Doenças como diabetes, obesidade e histórico de uso prolongado de corticoides podem interferir na cicatrização e, consequentemente, na escolha do tratamento.
- Adesão ao tratamento: A motivação e o comprometimento com o programa de reabilitação são fatores determinantes para o sucesso da recuperação, seja qual for a abordagem escolhida.
Dr. Bruno Air, especialista em cirurgia ortopédica do pé e tornozelo que atua em Goiânia, enfatizou que a avaliação individualizada permite que o especialista defina a melhor estratégia, maximizando as chances de retorno às atividades normais e minimizando os riscos de complicações.
Importância do diagnóstico precoce
O reconhecimento imediato dos sinais e sintomas de ruptura do tendão de Aquiles é crucial para evitar a deterioração da função do tornozelo e complicações adicionais.
Pacientes que percebem a dor intensa, a sensação de estalo e a dificuldade para caminhar devem buscar atendimento médico o quanto antes.
O diagnóstico rápido permite a implementação de medidas terapêuticas adequadas e acelera o processo de recuperação.
A atenção aos sinais do corpo e a realização de exames específicos podem fazer a diferença entre uma recuperação funcional completa e a permanência de limitações.
Consultar um especialista é o passo fundamental para receber um diagnóstico preciso e orientações sobre o tratamento mais apropriado.
Considerações finais
O conhecimento sobre a anatomia, os sintomas e os métodos de avaliação da ruptura do tendão de Aquiles é essencial para quem deseja cuidar da saúde dos pés e manter uma boa qualidade de vida.
Este artigo destacou os principais sinais que podem indicar a lesão, os testes clínicos que auxiliam na identificação e os exames de imagem que confirmam o diagnóstico.
A discussão sobre as opções de tratamento evidencia a necessidade de uma avaliação individualizada para definir o melhor caminho terapêutico, levando em conta fatores como idade, nível de atividade e condições clínicas associadas.
Se você suspeita de uma ruptura do tendão de Aquiles, a consulta imediata com um especialista é fundamental para garantir um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz.
A atenção aos sintomas e a adesão ao programa de reabilitação podem favorecer a recuperação completa, permitindo o retorno às atividades do dia a dia sem limitações.
Imagem: canva.com